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Na Mira do Caçador

Na Mira do Caçador

FENORIXÁ – Federação Nacional da Religião Orixá

Na Mira do Caçador:

 

Por: Bàbàlòrìsà Rony Ti Odé

Conselheiro de Nação Ketu da FENORIXÁ

 

Tradição Religião de Matriz Africana:

A tradição nas religiões de matriz africana vem se mantendo á séculos desde os tempos dos calundus e, mesmo depois das diretrizes estabelecidas pelo primeiro candomblé, o da Casa Branca, houve uma organização e muita de nossas condutas religiosas, surgiram daí, sendo que muito pouco se perdeu com o tempo.

As principais etnias jeje nagô, efan, ijesa e yoruba tapa, estabeleceram um modelo de culto próximo, onde se decidiu seguir um modelo de culto se não igual, ao menos semelhantes em suas ritualísticas. Com isso muito de preceitos são seguidos á risca para não se perder a essência dos fundamentos, entretanto, algumas pessoas desinformadas vem destruindo esse pensamento; se recusam a tirar mão de Egun (morto) alegando que são velhos de santo e creio eu, se tornaram deuses sem que saibamos!.Outra sandice é fazerem quase que sozinhos suas próprias obrigações, mastigando seus próprios obis, ora, ninguém é infalível e, sempre haverá pessoas, se não mais velhas, pelo menos preparadas para fazer certos rituais que não se pode fazer sozinho.

Posso dar uma lista de tanta gente antiga que assim o fizeram, famosos e não famosos que procuraram seus mais velhos, tanto para tirar mão como para fazer obrigações, se assim o fizeram quem são então esses “deuses” modernos que se acham acima até do próprio orixá. Ninguém é tão antigo ao ponto de se prescindir de seus pares, o raciocínio é claro: você tem “asé’ para dividir com os seus filhos, simpatizantes, família, etc.

Como você o fará consigo mesmo? Receberá de quem tem para dar ou ficará eternamente estagnado no seu próprio ‘ase’. Se tira a mão sozinho o que parece uma piada mais não é, caracteriza uma afronta diretamente aquele que um dia o iniciou, pois está em disputa com ele. Onde ficam os antepassados dessas criaturas; você filho de santo desses doidos não tem avô de santo, bisavo, ninguém; sabe por quê?. Seu pai ou mãe de santo é tudo isso, pois a mão que está na cabeça deles, é a deles mesmo, pois eles mesmos fizeram suas coisas, não é incrível? Você é filho, neto, bisneto dessas criaturas bizarras, quebra-se toda uma tradição que nossos antigos lutaram para manter.

O “ori” é, foi e sempre será a principal divindade de cada um, há culto especial somente para ori sem a necessidade de iniciação. Procurar se informar nunca é demais, evitará muito infortúnios futuros, há casos e casos, contudo todos devem ser muito bem analisados. É isso ai!

Ade-Ika - a coroa do poder:

O ade-ika (a coroa do poder) é a condição de poder exercer o sacerdócio, quando o noviço do candomblé completa os sete anos de iniciação. Vários objetos lhe são entregues numa cerimônia publica ou privada, antigamente esses apetrechos eram entregues dentro do rankó; no barracão acontecia somente a festa do egbonmi.

Hoje se faz questão de mostrar o balaio de ase alegando que se não for dessa forma o povo poderá falar mal porque não viu essa entrega. Isso comprova a falta de escrúpulos e desconfianças que permeiam a religião, não podemos ao menos nos comparar com outros segmentos religiosos, pois, seria uma piada. Poucas pessoas mesmo completando os sete anos não possuem o direito a esse deka, nesse caso tornam-se egbonmi e em alguns casos recebem uma função de acordo com suas habilidades, essa condição jamais diminuiria alguém por que é um procedimento normal.

Com a migração dos afro-baianos para região sudeste muita gente que não recebeu os direitos aqui, procuraram se abalizar com esses migrantes, entretanto, muito dessas pessoas vinda do nordeste também nunca receberam seus direitos em seus lugares de origem e como é que ficamos? Os terreiros tradicionais afro-baianos nunca foi de dar deka com os critérios que o povo do sudeste adota, ou seja, fez sete anos, recebe deka, sobretudo, para quem não tem casa aberta.

Tudo era e é muito bem pensado e os orisa determina quem pode receber os direitos, pois estão acima das vaidades, penso que quem recebe deka na casa do seu sacerdote está se tornando mais um sacerdote dessa mesma casa e não adianta muito os discursos de explicação. Aqui em São Paulo bem diferente de outros lugares, não encontramos com freqüência a figura dos egbonmi como é comum nos terreiros, não há o seu irmão mais velho para você noviço se espelhar, aprender, etc, sabe por quê, todos querem ser pais e mães de santo.

O ade-ika está vinculado a estrutura do terreiro com os rituais pertinentes que o compõem, numa cerimônia onde o egbonmi alem de receber seus direitos está recebendo também sua casa preparada para se tornar um templo sagrado. Muita gente veio de fora assim como imigrantes africanos e dão direitos que nem eles possuem, os baianos (nem todos), por exemplo, deram o que não tinham e ainda não tem, os africanos pregam que isso não existe, ora, aqui não é a África e nosso culto foi proposto um dia, lá no passado, para seguirmos dessa forma e isso que o torna definitivo.

Muitos medalhões, sobretudo, do eixo Rio São Paulo, recebeu deka ou sete anos, com quem não tinha e isso é um fato, são 30 anos de pesquisa, alem das pesquisas conversei nessas mais de três décadas com quem tinha informações verdadeiras e essa é a conclusão de nossa triste realidade. Na verdade vive-se uma grande mentira onde o suposto “saber” sobressai passando por cima dos orisa e de um culto já estabelecido, onde a mentira impera.

Interessante é que as pessoas que não gostam do que escrevo nunca vieram debater comigo, a essas eu sinto muito agora aos meus admiradores que se enquadram em alguma matéria, eu sinto muito também, não sou melhor que ninguém mais digo; quem tem telhado de vidro não joga pedra no telhado alheio e isso nem é metáfora do meu pai Orunmila, mais serve. É isso ai!

rankó=quarto sagrado onde se recolhe o noviço, esse termo não é yoruba

Egbonmi= aquele/a que completou todas suas obrigações, ou seja, 1,3,7.

Balaio de ase= o mesmo que ade-ika seria um termo popular.

Cuia = o mesmo.

Asé Paulistano:

Um assunto que chama deveras a atenção são os “ase’ dos quais paulistas e paulistanos costumam se identificar. A bola da vez agora é o Asé Osumare da Bahia. Deixo claro que não tenho nada contra nenhum asé mais algumas coisas devem ser esclarecidas, para se dizer desse ou daquele asé você deve ter sido iniciado nele, ou seja, ter sido adosu desse asé, isso o fará vivenciar as regras do terreiro e aprender hábitos e costumes, sobretudo ritualísticos do mesmo.

As pessoas são do asé dos quais foram iniciadas (raspadas) e ponto final, omitir sua origem já caracteriza uma grande falta de respeito com seus sacerdotes, mesmo que por qualquer motivo se faça obrigações noutra casa, sempre se ficará vinculado ao primeiro terreiro de onde nasceu para o orisa, (houve um tempo que não se trocava de asé como se troca de camisa como acontece hoje em dia).

Uma das condutas estabelecidas pelo povo do santo como regra se reporta ao respeito pelos “seus” mesmo após possíveis desavenças que por ventura possa acontecer entre sacerdotes e adeptos. Dezenas de pessoas se dizem dos asé da Bahia puro e simplesmente por “status’ pois não viveram nesses terreiros e muitos nem sequer sabem o que acontece por lá, confundem família espiritual em suas sandices, numa tentativa absurda de tentar passar uma imagem importante de si mesmo.

Claro que você tem uma origem longínqua através de seus parentes de santo que muitas das vezes terminam por assim dizer em candomblés antigos de outros estados, as pessoas são netas, bisnetas de algum lugar, porem são do asé de seu iniciador, ou seja, de seu sacerdote/isa, e, vivera os aprendizados pertinentes deles, não é por que de repente alguns sacerdotes fizeram obrigações em determinados terreiros que você também é desse terreiro, por exemplo : pai fulano foi para o Gantois (Cantuá), ele foi e não você, por laços familiares você passa a ser neto/a, mais não é de lá, e se não me engano casas antigas não dão muito credito para oportunistas, vou ser mais claro meus filhos são do asé “omo oju baba” de onde eu sai e ponto final, e estão satisfeitos com isso, se hoje são parentes de um terreiro antigo baiano o são por causa de mim, eu repasso os ensinamentos dos terreiros antigos por opção e por entender que hierarquia e disciplina estão sem duvida mais enraizada nesses terreiros.

Agora um monte de gente se diz sou isso ou aquilo com um detalhe, nunca nem visitaram essas casas antigas, se viram alguma coisa foi na internet, instrumento que na mão de insanos pode formar legiões de desocupados a fingirem ser o que não são. Assistir é uma coisa, viver o dia a dia é outra, eu morei na Bahia e sei estabelecer os parâmetros entre religiosos daqui e de lá, o resto é conversa mole. É isso ai!

Assentamento de Exú:

O orgulho é de fato um desastre e, quando atinge a religião piora. É comum em São Paulo e região assentar exu da umbanda para iyawo, como se eles tivessem de fato alguma relação com os candomblés de nação. Se fossemos seguir esse raciocínio então teríamos de arrumar um novo enredo que ficaria constituído de exu, caboclos, baianos, pretos velhos, etc.

Por mais que se esclareça, os orgulhosos relutam em admitir que o orisa exu , está longe de ser esse amontoado de porcarias que eles chamam de assentamento. Por mais que se diga que exu não tem sequer semelhança com o diabo cristão, os orgulhosos insistem em manter esse estigma, isso dá munição para os neo-evangelicos nos achincalhar cada vez mais.

Juntam pedaços de ossos, terra de buteco, bichos de bruxaria como aranhas, escorpiões, cobras, até sangue de acidentados, 7 qualidades de bebidas, de pimentas, etc, e sem nenhuma explicação razoável, fazem uma argamassa com isso e mais um pouco, batizam, chamam de exu, e convencem os iyawo, que é exu do orisa.

Orisa está acima disso e seus companheiros executores mais ainda, pois exu é a dinâmica do asé, a voz de Olodumare, o protótico do planeta e, como tal, o primeiro ser criado do eerupe, a primeira formação da terra.

            Como tal, após sua divisão em milhares adquiriu a primazia em tudo, como divindade não incorpora no ser humano pois o mataria, e, em seu aspecto mais fascinante, chamado de bara, nasce contido dentro dos seres vivos, no caso de seres humanos quando são iniciados, rituais são feitos para afixá-lo em Igbas.

Exu da umbanda sim se manifestam, pois são espíritos e não energias acopladas à natureza. Pelo raciocínio lógico o que um monte de coisas esquisitas faria de bom para as pessoas, no caso esses assentamentos? Acho que a umbanda séria não adota também esses procedimentos de assentamentos com terras disso e daquilo porque não faz parte de sua conduta religiosa.

Alguém pode dizer, - mais o candomblé inicia exu, e ele manifesta! O orisa exu sim e não os trancas ruas da vida, embora quem está por ali é um outro mistério que somente quem conhece o sabe. Keto no keto cada um na sua, diz o povo e, como diz o ditado Yoruba : “biri biri bó won loju, ogberi nko mo mariwo”. Trevas cubram seus olhos os não iniciados não podem conhecer os segredos do mario, ou seja, parem de ouvir o galo cantar sem saber onde.

O candomblé ainda é mistério para muitos, não imitem o que desconhecem, isso já é um grande passo para se tornar um religioso de fato, sem orgulho. É isso ai!

Bom senso - UMA QUESTÃO DE BOM SENSO:

Após a passagem dessa para melhor de um sacerdote, a religião realiza uma série de rituais durante anos para garantir a existência de mais um “esa”, ou seja, o ase (força espiritual) do falecido, irá compor e ajudar o terreiro do qual ele pertencia. Após um período, os filhos de santo, passará por uma cerimônia de tirar a mão, ou vumbe, dependendo de sua nação.

A seguir, uma outra pessoa capaz assentará suas mãos no “ori” daquele orfão espiritual. Bem, até ai tudo bem!. Todos sabemos os procedimentos que varia em pequenos detalhes de um lugar para outro independente de nações pois egun não possui bandeira.

Entretanto, surge um contingente de malucos se intitulando deuses, sim, pois querem mudar as regras contribuindo assim para o esquecimento de importantes fundamentos, ora, se não fosse para tirar a mão não existiria o ritual especifico, segundo, à séculos isso vem acontecendo, então quem são essas pessoas acima da própria religião?

Quem tem mão de egun fica impossibilitado de exercer sua religiosidade, ou seja, não poderá por a mão na cabeça alheia. Quando se inicia um noviço, representamos sua morte profana para que ele renasça em uma nova vida sagrada. Quando da passagem de seu iniciador, rituais são estabelecidos para recomeçar, é necessário a vida para dar vida.

Com isso se mantém, além da tradição a disciplina pertinente a nossa fé. Não há idade de santo que coíbe os rituais, seja, yawo, ogan, ekeji, pais e mães de santo todos tem que passar pelo mesmo procedimento com mais ou menos rituais, mas, tem que passar!. Eu conheci e conheço pessoas antigas que assim o fizeram. Um provérbio yoruba retrata a importância de sabermos lidar com a vida e consequentemente com a morte : “ vida e morte ambas são idênticas”.

            Procuramos manter a religião e não destrui-la com esses argumentos de idade descabidos. Perder um ente querido é difícil em nossa cultura, temos o habito do choro e da tristeza, embora em algumas regiões do nordeste fazem festas semelhantes aos yorubas, com muita musica e bebidas, é comum o nortista dizer : vamos beber o morto!.

As lembranças e os rituais manterá a imortalidade dos que se foram, é só nos lembrarmos com carinho e acima de tudo com respeito, a quebra disso tudo enfraquece as lembranças e o esquecimento pode ser ruim para todos, pensem nisso !. É isso ai!

Dança de Orixá:

O candomblé procura mostrar em suas festas, relatos de suas próprias mitologias. As águas de Osala, seria a saga dessa divindade em sua viagem desastrosa ao reino de Sango, além desses mitos temos também promessas feitas pelas antigas mães de santo que com as graças alcançadas, em pagamento a essas promessas, criaram novas festas e, por isso houve a reprodução delas através dos tempos, essas festas se tornaram hábitos e costumes de outros terreiros que simplesmente a copiaram com o tempo.

Assim acontece com as danças dos orisa que são reproduções de seus mitos e orikis, se expressando através de movimentos ritmado. Assim, Sango atira suas pedras raios pelo ar, Osoosi imita os movimentos do caçador, Iansan, ora conduz os espíritos, ora dança mostrando sua sensualidade, Osala, dança curvado revelando sua antiguidade, etc.

Ocorre que os orisa ou as pessoas esqueceram dessa condição, nas festas de candomblé estamos assistindo um campeonato de danças ao estilo das danças dos famosos do programa do Faustão. O bailado de Osoosi em nada se parece com os movimentos de um caçador, Nanan considerada uma orisa senil parece uma adolescente de um baile funk do Rio de Janeiro, Sango um orisa tão viril, quando manifestado, seus gestos se confundem com a sexualidade de seus médiuns, alguns tão efeminados que se supõe não passar de condicionamento mental das pessoas.

Pará agravar o quadro, alguns supostos ogans que não conhece o mínimo da gramática yoruba, ensinam aos desavisados que numa determinada cantiga o gesto é esse ou aquele, por exemplo: numa cantiga onde se ouve “fé fé ilaça biosa...”, (assim mesmo que cantam), a palavra ilaça segundo eles quer dizer que se deve cruzar as mãos no alto da cabeça; uma alusão o verbo laçar do português, outro exemplo: a palavra ‘pa” que vem a ser um verbo com diversas traduções torna-se um apanhado de palmas em diversos cânticos, então “pa” seria o som das palmas páá´! Existem muitas bobagens e mentiras na tradição oral repassada aos mais jovens, sair engolindo tudo que se fala sem nenhum critério de avaliação é um erro comum de quem tem preguiça de raciocinar.

Quanto as coreografias dos orisa, elas podem até ficar bonitinhas, entretanto, sequer identifica o orisa e o que ele de fato está expressando com seus gestos de acordo com o canto, ou seus mitos. Realmente assim como o investimento da cultura é imprescindível para o desenvolvimento de um país, por conseguinte, atingiria esse elenco de papagaios sem noção que se copiam uns aos outros achando que está tudo certo. É isso ai !

Ebós:

Quando chamei a atenção dos meus leitores sobre as receitas de ebó* publicadas em revistas e livros, fui deveras apoiado por um grupo que defende minha opinião. Contudo, não se agrada a todos como sempre. Infelizmente esse procedimento continuará e eu continuarei a combatê-lo. Além de generalizar e comprometer a eficácia dos resultados ocorre um fato perigoso que talvez as pessoas não se dêem conta. Leitores leigos se acham no direito de aplicar essas receitas em si mesmo ou em outras pessoas.

Chegam ao cumulo de ligarem para perguntar sobre as fases da lua, tirar duvidas ,etc. Alguns incautos estão fazendo ebós nos outros por causa dessas receitas. Não sei qual o intuito dos autores desses textos, talvez seja simplesmente exibicionismo do tipo : “nossa ele sabe tal ebó, tal isso ou aquilo”. Entretanto, esses procedimentos são facas de dois gumes. Primeiro : ao invés do leitor procurar uma pessoa preparada, ele mesmo fará suas coisas desastradamente, segundo: será que todos esqueceram que ebós ou qualquer coisa a se fazer dentro do culto precisa ser analisado e confirmado pelo jogo de búzios? Não tem desculpas do tipo: “isso é inofensivo ou aquilo qualquer pessoa pode fazer”.

É claro que há “trabalhos” corretos publicados e, esse não é o caso em pauta, porém, tudo deve ser analisado sobre a real situação para ocorrer os resultados esperados. Tudo é muito perigoso. Como se não bastasse a ânsia de todo mundo querer ser pai ou mãe de santo, enfrentamos outro problema, pessoas não iniciadas, simpatizantes e toda ordem de leitores, com um monte de revistas sob os braços estão se intitulando sacerdotes.

Se continuar do jeito que está logo estarão “raspando” os outros dado ao numero de explicações encontradas em revistas e certos livros suspeitos. Nossa literatura é tão vasta, temos tanto do que falar sem fabricar malucos que muitas das vezes são inocentes, pois não há uma advertência nessas publicações explicando que somente pessoas preparadas podem realizar asé*. É isso ai!

Eutanásia :

Somos bombardeados com diversos assuntos onde a sociedade, os governos e as grandes religiões discutem suas opiniões. No momento o tema gira em torno das células embrionárias. Onde ficamos nesse contexto. Alem de nos faltar representantes para transmitir nossa fé, a impressão que passamos à sociedade deixa a desejar, por não possuirmos um livro de revelação, como a bíblia, o tora ou o alcorão, não significa que não seguimos as diretrizes da nossa religião.

A pergunta é quem a segue? Ocorre que a maioria dos adeptos de candomblé desconhece o “corpus” de Ifa, onde encontramos nossas respostas e soluções.

Questões como a eutanásia, o aborto, transplante de órgãos, como seria encarado pelos iniciados? Desliga-se os aparelhos que mantêm vivo um iniciado? O orisa permite? Transplantar um órgão que contem asé, pode ser doado para um leigo, ao contrário, um iniciado pode receber de um leigo, e se no caso de quem recebe, se ele for leigo, ele ficaria com asé ou não? Caso ele venha a entrar na religião como fica a sua situação ?. Doar e receber sangue não é tão simples assim, pois sabemos da volatilização de asé e de sua importância. Há até “odu’ que rege esse precioso liquido.

E você leitor consegue responder essas questões através de sua religião, ou responderá de acordo com conceitos cristãos, ou como de costume, como: - eu acho, eu desconfio que seja, etc., etc. Você conhece mesmo sua religião?

            A igreja tem seus dogmas e crenças seguidas a risca por seus adeptos e nós do candomblé!!! Deve ser por isso que nunca nos indagam sobre nada , talvez seja a certeza da ignorância que passamos para a sociedade.

Veja esse exemplo : para os orisa, todos com “ori” podem ser iniciados, caso sejam escolhidos , mais nem todos podem exercer o sacerdócio caso lhes faltem algum membro, ou seja, pedaços mesmo do “ara’.

Podem ser iniciados caso não o sejam, entretanto, ficarão na condição de egbomi o resto da vida e, se caso for um sacerdote seu oficio termina naquele infeliz momento, caso ele se acidente e perca parte do corpo, isso é uma determinação dos orisa e não humana. Não se pode por a mão em ninguém como sacerdote nesses casos.

Procure saber mais sobre sua religião, converse com os mais velhos, claro, com os sérios porque tem um monte de antigo por ai pregando bobagens também, saiba separar o joio do trigo,. É isso ai!

Ori = cabeça  /  Ara = corpo

Eventos Religiosos de Matriz Africana:

Os eventos candomblecistas se expandem pelo país mesmo com todas adversidades já conhecidas por todos nós. Um desses eventos de grande proporção acontece em varias cidades de diferentes estados do Brasil, é a festa de Iyemanja, nossa grande mãe, junto com outros imole, dentre eles Olokun, senhora absoluta dos oceanos (keto), ou senhor dos oceanos (Benin).

No estado de São Paulo, cidades importantes como São Vicente a célula mater do país, vem já à alguns anos realizando essa festa graças ao esforço do Babalorisa Valter t`Ogun, herdeiro do querido João Barbosa o afamado pai Joãozinho T`Osun do bairro da Vila Margarida.

Em Santos, o maior porto da América Latina, nosso agba Pai Vivaldo T`Logun deixa um legado nas mãos de outros seguidores que é a realização desse festejo, de onde partem para alto mar varias escunas com os presentes para mãe d`água.

Enfim em todo país acontece de uma forma ou de outra manifestações populares não só de nossa mãe Iyemanja como de outros orisa como Ogun, Osoosi, etc. Essa manifestação fora do espaço terreiro vem, sinalizar a necessidade do nosso culto se utilizar, de fato, da natureza, lugares como rios, mares, matas e cachoeiras, são umas necessidades incontestes.

Destacamos também os blocos de afoxés que além de se apresentarem nos carnavais, muitos deles acompanham as festas populares dando um brilho a mais nos eventos. Contamos quase sempre com a má vontade não só de nossos governantes como de nosso povo que ao invés de abraçar a causa, preferem ficar sorrateiramente criticando os esforços alheios, contra eles temos as determinações de verdadeiros guerreiros do ase, que em meio a tantas dificuldades sobrevivem em seus projetos.

Isso ocorre com a mídia também, vemos nossos jornais jogados fora por pessoas que não entendem que aqui está fragmentos de sua própria história (do leitor), pois falamos da religião que eles mesmos se dizem fazerem parte. Ocorre que não estando noticiado a leitura para esse povo não é relevante, o que eles querem mesmo é brilhar, entretanto, não se esqueçam que o brilho nasce com cada um e quem nasceu semente podre, nunca vai germinar e conseqüentemente nunca irá crescer e dar bons frutos, cada um tem seu limite.

Pode se fantasiar de arvore de natal e se apresentar em publico, mais nunca se destacará como alguém escolhido de fato pelo orisa. Em todos segmentos da sociedade é assim, não importa nem quanto você tem de dinheiro e sim a maneira de como você o usa fazendo da pessoa um ser feliz ou não. Felicidade não está á venda e quem acha que não são pessoas limitadas e infelizes. Todo trabalho de alguns nunca agradará a todos, porem, o bom senso prega que se você não ajuda, então não atrapalha.

Se você não gosta de ler não pegue o jornal, se tem alguma critica fale conosco estamos sempre disponíveis para atender o publico, encare seus pares como uma extensão de sua fé, afinal somos todos de uma mesma religião. Odo Iya Iyemanja, salve a rainha do mar, dos orisa das cabeças, boas e ruins, salve nossos guerreiros, É isso ai!

Evolução da humanidade:

A inevitável evolução da humanidade incide nas grandes religiões, isso implica em constantes adaptações para se acompanhar o ritmo do progresso. O povo do santo deve refletir com essas mudanças, aquelas reuniões onde impera a nostalgia, foi bom enquanto durou, cada época teve seus valores e suas contribuições.

Ainda há candomblés vivendo o sistema escravagista e seus dirigentes não conhecem outro caminho, senão o da submissão, porém, as pessoas alimentadas pela evolução não aceita mais certas condutas estabelecidas a séculos, por esses dirigentes. O dialogo ainda é a melhor solução para esse impasse. Cabe a nova geração aproveitar a experiência dos antigos e, aos antigos, se adaptarem a nova realidade presente.

Costumes culturais de se comer restos de mães de santo ( era um costume onde os súditos comiam os restos do rei), não tem mais sentido e haverá resistência das pessoas em fazê-lo, tomar banho com esse “abo” petrificado e cheirando mal , também não será aceito pelas pessoas, e essa história de que no meu tempo era assim e assado não convence mais ninguém .Muitos antigos não aceitam essas mudanças e a encaram como ousadia e atrevimento, todos se preparar para uma nova sociedade que pensa e estuda, não engole qualquer explicação pela metade e sem conclusão, isso provoca uma constante busca de conhecimentos, onde a pessoa curiosa troca de “ase” sempre procurando respostas longe de sua casa de origem o respeito existe sem imposições, pensem nisso. É isso ai!

Família de Santo:

A questão de uma pessoa pertencer a uma família de santo se banalizou de tal forma que as pessoas não se dão conta do desdém referente ao próprio axé. O povo não tem noção nenhuma do que ocorre nas casas tradicionais de onde eles dizem fazerem parte. Sou do axé Gantois, Casa branca, Opo Afonja, etc, é fácil dizer, entretanto, seguir as normas e condutas desses axé não é tão simples assim.

Primeiro você é do axé ao qual você nasceu para o orisa, negar isso já caracteriza um erro grave, segundo não é porque seu sacerdote/iza fez alguma obrigação em casas tradicionais afro-baianas , você passa a ser desse axé. Até para se dizer da família deve-se seguir as normas, você pode até ser, mais se o culto prima pela disciplina, então por que você não faz nada do que acontece nas casas tradicionais.

Pertencer a um axé é viver seu dia a dia com todas suas normas de conduta, sejam sociais ou religiosas. Mais de 90% das pessoas que se dizem pertencer as casas tradicionais da Bahia nunca ao menos pisou os pés fora do estado de São Paulo. Ocorre que escutam o galo cantar e não sabem onde, ouvem muitas estórias e propagam esses comentários como expressão da verdade.

            Discutem uns com os outros como se conhecessem de fato o que dizem, no mínimo ouviram dizer ou navegaram na internet, com isso se tornam formadores de opiniões mentirosas. É claro que nem todo mundo é assim, mais a maioria o é. Por exemplo: quem já ouviu falar de festas de pombas giras e exus dentro das casas tradicionais e, se você que diz pertencer a esse ou aquele axé, com certeza não lhe seria permitido realizá-las sob hipótese nenhuma.

Na verdade na Bahia, também ocorre erros e excessos, porque é próprio do ser humano cometer enganos, isso em qualquer lugar do país. Destarte, valorizem seu axé, tenham orgulho para que esse mesmo axé cresça sem precisar de muletas ou rótulos de casas antigas para abalizar o que você faz. Você quer status, faça-o por merecer, pare de mentir para si mesmo, se você não participa da vida social dos terreiros antigos, quiçá de seus rituais, como pode falar que você é desse ou daquele axé? Ao invés de status o tiro pode sair pela culatra. É isso ai!

Ifá:

O sistema oracular é imprescindível para o bom andamento da religião de matriz africana, da utilização do jogo de búzios, obis, inhames, orobôs, rosário de Ifa e outros depende todo processo andamento de rituais. No passado esse procedimento era utilizado somente para os ritos e caso houvesse a necessidade de consultas entre os sacerdotes e filhos de santo, o assunto girava em questões relacionadas ao mundo dos orisa.

A utilização desses oráculos para saber da vida pessoal das pessoas não era comum e hoje chegou a ponto da banalização geral. Uma viagem, uma surpresa, uma loira ou um morena, a vizinha que jogou macumba no seu quintal, a visão de uma letra do nome que compõe o nome de algum desafeto do consulente, a perda do emprego devido a intervenção daquela pessoa que por um acaso voce já odeia mesmo, levando o consulente a ouvir o que quer e o induzindo a uma série de trabalhos inúteis e sem sentido.

É difícil manter uma postura honesta, sobretudo de quem vive do ase, mais é necessário vez ou outra esclarecer as vitimas do sistema, todos tem o direito de viver, entretanto, mentir junto ao povo desesperado não é correto. Temos também um agravante, seria quando espíritos ou guias que incorporam em seus médiuns começam a brincar de mãe ou pai de santo, ao invés de aconselharem dentro da sua esfera espiritual, começam a falar de orisa, receitar ebós, recomendar bori como se fossem sacerdotes.

Não é por que ali há um guia, necessariamente ele deve saber de tudo, existe hierarquia no mundo astral e nem todo guia foi sacerdote de candomblé, no candomblé temos nossos “esa’ que já fazem muito por nós, temos cerimônias próprias para pedir ajuda, conforto, orientação e qualquer coisa ao alcance deles para nos ajudar, acreditamos no “aiku’ e sabemos que nossos iniciados sempre estão nos auxiliando de alguma forma, esses sim tiveram em vida noção do que é viver a religião de matriz africana.

A ânsia de se destacar perante seus pares produz um elenco de olhadores despreparados para os búzios, médiuns covardes que usa da condição de estar incorporado para falar asneiras e quando não dar bronca no povo simplesmente porque o dirigente espiritual não tem coragem de fazê-lo.

É preciso esclarecer o povo, não acreditem em tudo que houve, há exageros de sobra e quando voce procura a umbanda ou o candomblé e sai de lá mais desesperado do que entrou, tem algo errado ai, é só raciocinar, quando em busca de uma solução para qualquer problema, voce deve após uma consulta ter uma solução, e com certeza iniciação não resolve pois, essa seria uma condição para voce fazer parte de uma religião a qual voce pode não estar preparado no caso do candomblé e no caso da umbanda nem todo mundo tem que por a tal da roupa (por branco como dizem) e trabalhar, mediunidade não é brincadeira e há muito picaretagem nesse mundo. “AIKU”= literalmente não morrer ou imortalidade, condição e crença dos adeptos do candomblé. “ESA”= pessoas iniciadas de orisa que cumprindo todas suas obrigações em vida, quando morrem passam a condição de esas após todas as cerimônias de asesê. Acredita-se que seu ase (força espiritual) irá compor o terreiro a qual ela pertencia após os ritos de passagem, ajudando em tudo. É isso ai !!!

Iyawo:

Existe uma conduta estabelecida pelo povo do santo em relação a certos comportamentos, um desse comportamento diz que após as festas litúrgicas, os sacerdotes, ogans, ekeji e autoridades convidadas são privilegiadas na hora das refeições, ou seja, comem e bebem bem instalados em confortáveis mesas. Os iyawo, os abian e simpatizantes se acomodam em outros lugares e as vezes ficam até em pé. Bem ! Até ai nada de novidade.

Cada um faz do seu terreiro o que bem quer desde que a paz e a harmonia prevaleça, mas se há esse detalhe, então porque todos não o seguem? Está ocorrendo que esposas de ogans, namorados, amigos e toda sorte de gente sobretudo não iniciados, entram em lugares onde não deveriam estar, acompanham os lideres religiosos onde se encontram e se intrometem nas conversas dos mais velhos, iyawos dão palpite em assuntos alheios, fumam e bebem na cara dos antigos numa confraternização sem hierarquia nenhuma, isso tudo porque são amigos do pai fulano ou da mãe sicrana.

O candomblé passa por uma fase confusa em questões de quem é quem Hoje o noviço dança em rodas de egbomi com seus olhares curiosos, usam todos paramentos tais como, fios de grau, roupas africanas, etc.

Ouvem cânticos onde se invoca o orisa e nada deles ao menos tocarem o solo em sinal de respeito ( o tanje não se faz só no ipankan). Como se não bastasse essa bagunça, a disciplina passou para o após festa, onde também não sabemos quem é quem, muitos noviços se acham no direito de acompanhar seus parceiros em qualquer lugar.

Se ele senta ali eu também vou, se houver algum papo eu também vou dar meus palpites, foi-se o tempo que iyawo falava com iywao, ogan com ogan e assim por diante, não que todos sejam proibido de conversarem entre si mais tudo tem sua hora e momento. keto no keto cada um na sua, dá para entender, não é? É isso ai!

Jogo de Búzios:

Após denuncia do ogà (n) Ricardinho , nossa equipe apurando os fatos constatou os fatos. O terrorismo do jogo de búzios. Algumas pessoas sem a menor condição de manipular o oráculo sagrado (búzios), criam situações desesperadoras para seus consulentes tudo em nome dos orisa.

Mentem ao afirmar que se esses não fizerem o “santo”, morrerão, perderão os empregos, a família, vivendo o mais puro azar durante toda sua vida. Nossa religião não faz proselitismo, pior ainda, aterrorizando pessoas desesperadas, não temos nada contra quem não trabalha, porém, a maioria das denuncias provem desses “jogadores’ de búzios.

Aflitos para pagarem suas contas, não importam-se com quem irão recolher, a condição de abian cada vez mais não é mais usada e, além de assustar as pessoas produzem um contingente de iniciados na maioria das vezes sem compromisso nenhum com a religião.

Nessa conduta criam situações já conhecidas por nós, ou seja, aqueles iyawo que pulam de terreiro em terreiro. Se o orisa matasse alguém só para obrigá-lo a se iniciar, estaríamos lidando com o demônio cristão voltado eternamente para o mal, o orisa não é isso.

Onde estão os Ebós, adimus, etutus, banhos, etc, que resolvem os problemas de quem procura uma casa de ase?. Quem criou esse estigma de que fazer “santo’ resolve tudo?. O orisa é de todo mundo mas, nem todo mundo é do orisa. Existem pessoas que freqüentam um terreiro ou nele permanecem até encontrarem seus caminhos, a paz; sem a obrigatoriedade de se iniciar.

Não é a quantidade de iyawo raspado que indicará a competência sacerdotal dos pais e mães de santo, e sim sua capacidade de analisar problemas alheios e resolve-los.

Grande mães do passado dirigiam suas casas durante décadas sem essa fabrica de iyawos, não por falta de competência, simplesmente, tratavam as pessoas, orientavam-nas e, se fosse o caso de uma iniciação, qualquer um passaria pela condição de abian.

Tudo tem seu tempo e sua hora, ninguém precisa ser pego no “laço’, sobretudo aterrorizado com essas mentiras. É isso ai!

 

Multirracial:

O Brasil é um país multirracial com uma diversidade cultural e religiosa deveras abrangente. Cada estado possui seus costumes em se tratando de religiões por isso temos varias tais como: a Pajelança, o Catimbó, a mesa de Jurema, a Encantaria, o Babauçe, o Batuque, a Umbanda, a Quimbanda, os Candomblés de nação, etc. Mesmo nessa diversidade ficou difícil não misturar algumas religiões e é nessa miscelânea que vivemos.

Contudo, penso que seria louvável as lideranças desses cultos, perderem um pouco de seus preciosos tempos e esclarecer uma vez ou outra seus seguidores que muitas vezes parecem perdidos em seus próprios templos Muitos segredos passados via oral se perdem a cada ano, muitas liturgias estão sendo esquecidas dando espaço a novos conceitos e modismo, a Umbanda é a mais atingida, nela dirigentes espirituais no afã de serem diferentes inventam novas denominações para o culto, novas falanges, linha direta com o astral, quando afirmam que possui comunicação direta com os guias através de mensagens e mais uma série de invencionices.

O candomblé segue o mesmo ritmo onde surge um tal de umbandomblé ou candoumbanda que simplesmente não existe O candomblé só se explica por ele mesmo, por não possuir conceitos cristãos fica impossível estabelecer vamos dizer assim suas regras, pessoas de nação não conseguem manter o culto e se serve de expedientes de outras religiões para se afirmarem, com isso fazem sessões de umbanda com o único intuito de conseguir mais adiante cabeças para raspar.

            Uma pratica não comum no passado agora está se tornando habito, é claro que pessoas nascem médiuns e tem seus guias, destarte, devem então ser conduzidas cada um para sua verdadeira religião. Louvar nossos guias como caboclos, preto velhos, etc, pode e deve ser feito com critério dentro dos candomblés de nação, isso é muito diferente de tocar as giras de Umbanda como o fazem os umbandistas, isso serve também para eles que não possuindo qualquer fundamentação do candomblé acabam acrescentando praticas que desconhecem em suas sessões.

Essa pratica enfraquece tanto uma religião como a outra. Realmente não precisamos mesmo de adversários ou até mesmo de inimigos para nos confundir, temos a maioria de nossas lideranças fazendo esse papel com maestria, parece que quanto mais confuso, melhor! Assistir uma sessão hoje num terreiro e amanha em outro é sair do culto com a impressão que tudo foi inventado na hora, não existe mais um paradigma, e quando em visita num candomblé parece mais uma sessão dos irmãos umbandistas.

A religiosidade se perdeu, onde existia salvação pelo apelo aos guias ou aos orisa se torna agora um culto as lideranças, seja de Umbanda ou Candomblé, com isso voltamos ao conceito de seita onde ao invés de nos submetermos ao sagrado estamos reféns de seres humanos, lideranças, preocupadas tão e somente só com o seu bolso. É isso ai!

 

O Candomblé:

O candomblé possui soluções para o atendimento ao publico. Vária de acordo com o conhecimento de cada sacerdote, entretanto , o modismo em relações a “odu” vem banalizando esse conceito e diminuindo a importância dos orisa. Odu é conhecimento do culto a Orumila-Ifa. Portanto quem consagrou ‘pais e mães de santo” em Ifa ? Não é aquela situação onde nos sete anos, a criatura recebe seu jogo de búzios que supostamente “comeu” junto com seus orisa, porque isso não está correto.

Antigamente resolvia-se questões familiares com a intervenção de Iyemonja , assuntos de justiça com Sango e Nana (essa divindade ligada a justiça implacável), casos amorosos com Osoosi e Osun, trabalhistas com Oba, etc , etc , porém, tudo agora é odu. Até que ponto seria permitido sacerdotes manipular odu, é claro que os cultos se fundem, o candomblé necessita dos búzios e seus recados, mais daí achar que simples dirigentes possam representar Orumila e seus desígnios aqui no aye, não é tão simples assim.

O próprio sistema de Ifa-Olokun, o popular búzios é limitado pôr si só. Vamos ao exemplo ; não existe odu isolado como 2, 4, 7, etc ; ou eles são meji.como oyeki meji ( 2,2), osa meji (9,9),etc; ou são odu desdobrados que formam os omolodu atingindo os 256 e suas mais de 13 milhões de palavras contidas em seus “ese”, ou seja suas estórias antigas e atuais. Os omolodu que são osefun (5,10), obaraose (6,5),etc, indica que o sistema de Ifa é binário, a própria “fala” dos búzios são dos odu meji, ou seja, duplos.

Portanto, se utilizar de outros expedientes como numerologia e até astrologia para complementar Ifa é uma afronta a Orumila. Fazer contas com data de nascimento onde surge um resultado fixo, pôr exemplo ; o resultado dá 3, se pergunta, e daí? ( Esse odu é meji ou combinado?)

Bom o povo inventa um ebó do odu 3 e aplica na pessoa, ora amanha ou depois a soma não será a mesma? E a pessoa, ficará sujeita a essa condição o resto a vida? Vale lembrar que os odu são transitórios e só aceitam manipulações breves, para isso ou aquilo, e agora José? O que falta é repertório, essa é a grande verdade.

O oráculo é leitura e não intuição, mesmo porque intuição é algo imprevisível, como saber se você vai ter uma intuição programada para aquele momento, você tem memória ancestral? Quem a desenvolveu, em qual obrigação, sim, porque isso não é pertinente ao candomblé Posso até desagradar alguns, mais faço aqui um desafio, que venha alguém jogar para mim, sem perguntar data de nascimento, ou meu signo e se quiserem, troco de lugar após o jogo e faço a minha leitura, vamos ver quem está certo. O desafio está lançado, espero contato. É isso ai!

AYE = mundo, terra onde vivemos.

Odu = divindades, destinos, o “corpus de ifa’

Meji = o numero dois quando se escreve acrescenta-se a letra ‘M”. quando falado; diz-se eji ( dois,duplo)

Omolodu = combinações dos Odu Agba, os principais. Literalmente os filhos dos odu

Ese = contos e estórias onde se encontram a sabedoria de Ifa, ditos em metáforas desde tempos imemoriáveis, cada odu possui seu tanto.

Candomblé e as festas litúrgicas:

Aos poucos as religiões afros vem se conscientizando de algumas necessidades básicas para o bom andamento de suas festas públicas.Venho observando essas mudanças tímidas, porém, aprovadas pôr quem experimentou, estou falando das mudanças nos horários, onde alguns Iles trocaram as festas noturnas pela tarde.

O período vespertino alem de ser menos cansativo evita problemas com vizinhos e a perda de transportes coletivos quando essas festas terminam fora do horário das conduções. Foi-se o tempo que candomblé tinha que tocar escondido e nas madrugadas, naquela época os terreiros eram afastados do perímetro urbano, e hoje a sociedade se pergunta o por quê da nossa religião tocar à noite como se tivéssemos algo a esconder, além disso pessoas idosas e crianças dificilmente vão a essas festas.

Precisamos atrair as famílias para nossa liturgia e mostrar nossa cara. É claro que alguns relutam com essa idéia e cada um tem o direito de fazer o que bem quer no seu terreiro, mais devia ao menos tentar, é sem duvida algo menos cansativo. Há aqueles que afirmam que não dá tempo para nada, contudo, se diminuir o papo furado, aqueles intervalos sem fim, as constantes trocas de roupas (como se fosse um desfile), a fuga dos tocadores para fumar,etc,etc.

Com certeza sobraria tempo, mesmo porque essas festas são do e para os orisa e não para alimentar vaidade de seres humanos. Bailes, jantares. eventos que ocorrem pela madrugada afora não tem nada a ver com as liturgias religiosas, ou seja, quem gosta da noite vá para a noite, porque houve um tempo que iyawo não dava nome após a meia noite e vou adiante, nem se fazia festas publicas , o máximo que se chamava era a família do noviço e pronto. É realmente um caso a se pensar. É isso ai !

 

O Conceito Omolwabi:

O conceito Omolwabi onde está contido dentre outras coisas a ética e a moral, não teve assimilação em nossa religião. Não que o nosso jeito de educarmos nossos filhos ou nosso conceito de moral seja falho. Contudo, em se tratando de religião, a educação de nossos filhos/as de santo deveria seguir este conceito Yorubá, onde várias pessoas são responsáveis pela educação religiosa dos noviços.

Hoje há um choque de gerações. Sacerdotes antigos tentam passar dogmas rígidos de seu tempo e algumas das pessoas desta geração acham alguns daqueles conceitos absurdos, comparando-os com um regime da quase escravidão. No sistema antigo os filhos do santo não têm direito a quase nada ou são submetidos a situações vexatórias.

A nova geração questiona a antiga e não se adapta. Uma não aceita certos pensamentos do outra. A melhor saída para isso seria o diálogo franco e aberto, sem abusos de ambas as partes. Alguém tem que falar, e alguém têm de ouvir para se chegar a um consenso.

A sessão nostalgia comum aos antigos com aquelas frases prontas do tipo "no meu tempo era assim" deve ser revista. Quanto aos jovens, eles devem aprender de imediato sobre a importância da hierarquia religiosa; seus sacerdotes são seus superiores e merecem todo o respeito, desde que ambos se respeitem. Por exemplo, obrigar filhos de santo a largar o trabalho para "ralar" no terreiro não é legal.

Essas e outras coisas devem ser planejadas antes, com prazos longos, onde todos podem se organizar em suas folgas , nos dias e horários estabelecidos. O mais velho não deve esquecer que sem os jovens não seria possível o seu candomblé. Quanto aos jovens, estes devem saber que sem os mais velhos nada seriam.

E quem não for um bom filho de santo jamais será um bom pai/mãe de santo. As etapas que vão do "abian" ao "egbommy" devem ser vividas em todos os sentidos, saboreadas com religiosidade, com dedicação e vontade de aprender. Ser um bom abian, um bom iyawo e depois um bom egbommy é o mínimo que se esperar das pessoas.

Obrigações e Idades:

Há muitos anos essa coluna trata de assuntos de interesse da religião afro brasileira, nesses anos todos muitos leitores adquiriram o habito de recortar os textos, guardá-los, usá-los, expor em murais, etc, dependendo do interesse de cada um. Eu conheço vários desses admiradores e por fim resolvi agradecê-los aqui mesmo na “Mira” onde segundo eles de um jeito ou de outro, se encontram.  

Portanto muito obrigado a todos, também quero agradecer os que não gostam da “Mira,” pois sabemos que são os que mais lêem para posteriores criticas, sendo assim, eu só tenho que agradecer. Não se pode agradar a todos, eu mesmo não gosto do “Minardi” da revista Veja e, no entanto sou obrigado a ler suas bobagens políticas. Um desses leitores sugeriu: o que é comum para nós, falar de um fato que vem acontecendo com nossa religião: as obrigações juntas de 1, 3 e 7 anos, ou 1 com 3, ou 3 com 7, ou 7 com 14 e toda sorte de maluquice.

Isso não existe, mesmo porque cada uma carrega seus próprios preceitos e atos, no entanto, quero registrar que obrigações dentro dos rituais Keto são um, três, e sete as outras obrigações são aniversários ou comemorações como os quatorze ou vinte e um anos de orisa, o ciclo iniciatico do iyawo termina aos sete anos com a segunda cuia no grosso modo de se expressar, eu creio que ninguém quer tão cedo a terceira cuia por que não estariam mais nesse mundo.

Temos também a tal obrigação de cinco anos pois acreditamos surgiu de uma necessidade comercial pois a distancia entre uma obrigação de três anos e uma de sete incide em quatro anos de espera e quem vive de ase precisa ganhar seu dinheiro, como caiu no gosto publico ficou, embora, caso um iyawo precise de um ebó ou bori não seria necessário contar tempo pois Ifa é quem descobre e soluciona os problemas espirituais dos iniciados.

Todo sacerdote que mexe durante o ano todo com a religião se desgasta, com isso deve fazer seu ajodun, ou seja, seu aniversario de santo que passou a ser anual, escolhida uma data que ele deverá tomar sua obrigação e louvar seu orisa.

Outro assunto em pauta seria a arrogância de certos sacerdotes que no alto de sua suposta importância se acha no direito de, a cada candomblé fazer discursos inflamados pra todos como se fosse o dono da verdade, e com um agravante, alguns nem estão em suas casas. Sou a favor de esclarecimentos quanto ao que vai acontecer em uma festa de orisa, mesmo por que o leigo que aparece pela primeira vez, num terreiro de candomblé não saberá nem se portar de acordo, por isso merece algumas explicações, contudo, esses tipos que ficam explicando que se é assim e assado, que ele faz e acontece, ninguém precisa saber e sim os seus, querem fazer propaganda de si , procurem outra oportunidade, os convidados, sobretudo, os iniciados ou lideranças religiosas devem ser tratados de acordo com as regras estabelecidas na religião e ponto final. É isso ai!

Ogans e sua função:

Li nesse mesmo periódico um texto onde alguns companheiros, tocadores de atabaque se intitulam ogans e, se oferecem para “fazer” candomblés onde alguns terreiros não possuem ogans ou ainda não prepararam os seus. Até aí sem novidade, entretanto, alguns fatos chamam atenção, por exemplo: o que é um alabe? Bem, são ogans suspensos pelo orisa e posteriormente confirmados para exercer essa função, ou seja, tocar e cantar candomblés.

Quando alguns “raspam” a cabeça e não se tornam elégun, ou seja, (não entra em transe de orisa), sem opção religiosa, aprendem a tocar e se tornam fazedores de candomblés, de asese, fazem obrigações até de pessoas mais velhas que elas, e alguns se aventuram a iniciar os desavisados.

Hoje em dia, as funções religiosas estão misturadas, todo mundo faz de tudo um pouco e a maioria desse oloye raspados não costumam tomar suas obrigações a que são submetidos, mesmo porque são adosu e contam seu tempo desde o dia, em que foram iniciados, quem nasce com senioridade são os verdadeiros ogans confirmado, que não passa por essas obrigações porque seus rituais de confirmação são diferentes.

Iniciar iyawo é função especifica de pais e mães de santo com direitos adquiridos no sete anos de quem tinha para dar. Então como classificar esses oloye e ajoye que ora estão com o “aguidavi” na mão, ora com o aja, ora com o obé, etc. Essa é uma resposta que merece bastante reflexão e cautela, é por isso que o candomblé paulista é essa m... Que vemos por ai.  

Todo mundo quer ser tudo, e não me venha dizer que ogan é pau para toda obra que isso não cola. Outro detalhe é essa cantoria onde se afirma que eles sabem o que estão cantando, quem lhes ensinou a língua yoruba e sua cultura pertinente ao idioma, pois para traduzir uma língua deve-se conhecer a cultura do país de onde ela é originada.

E o idioma ewe fon, o bantu, etc. Saber o que se está cantando porque mãe cicrana disse ou pai beltrano falou não garante nada, mesmo porque os antigos que dominavam o nagô estão todos mortos. O yoruba é uma língua deturpada com o tempo, misturado com dialetos, de etnias regionais, desde a África, fora à contaminação por línguas de invasores, e guerras inter-raciais. Osala saibam mesmo o que estão cantando para não sobrecarregar Exu que tantas funções que já tem, além do odù responsável por todos os idiomas, aja trabalho para arrumar isso tudo.

Oloye; cargo dignitário, aquele que possui um oye (posto), pode-se usar para ogans e ejedi (ekedi) também-ajoye: seu correspondente feminino - obé: faca - Aja: lê-se adja, instrumento usado pelos sacerdotes, a priori somente para louvar Osala, agora para todos os orisa - Alabe: ogan confirmado para tocar e cantar para os orisa - Elégun; aquele/a pessoa iniciada no santo e que é tomada pelo mesmo.

Obs: não é o estado de manifestação do orisa que determina um adosu, ou seja, ele pode ou não se manifestar no orisa, portanto ele deve cumprir todas as obrigações de um iyawo. Quem não passa por isso é o verdadeiro ogan, pois esse é confirmado para o orisa e não raspado para os imolé como todo mundo o é. Existe uma hierarquia no orun também, pena que a maioria do povão não sabe ainda.

Ogans feito de Santo:

Os seres humanos diferem dos animais irracionais, justamente pelo raciocínio e emoções. Então, observando e conversando com todo tipo de gente, percebi que no candomblé o “ego’ de algumas pessoas extrapola o limite do bom senso.

Às vezes o orgulho é bom quando no limite da racionalidade, entretanto ouvindo certas conversas do povo do santo não tem como não ficar estarrecido. Vamos nos ater aos nossos “Ogans feito de santo”, vez ou outra eles debatem cantigas que a primeira vista parece mesmo ser verdade, mas aos menos desavisados cuidado com o que ouvem você pode ser vítima de asneiras e repassar isso adiante. Sem nunca terem viajado (só em sonhos), não participarem dos segredos dos terreiros que eles dizem conhecer, sem o mínimo de domínio do idioma yoruba, eles cantam, traduzem cantigas ao seu bel prazer: apontando ou culpando algum mais velho: - meu pai disse isso, ou aquilo e por aí vai!

A idéia é passar a impressão de uma suposta sabedoria abalizada nos ensinamentos deles mesmos ou num mais “velho” que provavelmente já passou dessa pra melhor.

Pura vaidade. Alguns possuem o vocabulário tão repleto de gírias que deveriam primeiro aprender a falar sua própria língua, para depois se aventurarem em outro idioma. Nem os mortos escapam, grandes líderes religiosos, sem ter como se defenderem de seus “amigos’, estão a mercê de tudo o quanto é dito nos candomblés. Foi pai fulano que disse, ou me ensinou...

É um fato que não vai simplesmente deixar de acontecer, porém fica aqui um alerta geral: nem tudo que reluz é ouro: no afâ de aprender qualquer coisa diferente, muitas pessoas acabam recebendo informações distorcidas, quando não mentirosas mesmo, portanto, procurem sempre uma segunda opinião, compare, questione, busque outras fontes, faça a sua filosofia e tire suas próprias conclusões, já temos confusões demais em nossa religião não precisamos acrescentar mais um tanto, é isso ai!

Pais de Santo de dvd’s:

A enxurrada de informações sobre as religiões de matriz africana tornou-se uma faca de dois gumes. Quando não são os maus livros com seus péssimos autores, temos as revistas com suas receitas de ebós e a internet.

Agora, a nova onda são os dvd, principalmente os que chegam do Rio de Janeiro. Vários pseudo pais de santo encantados com a montagem desses dvds, tomam como verdade seus cânticos sem nenhum critério de avaliação. O desrespeito a nação jeje também virou motivo de avaliação pois é grande o numero de pessoas que se intitulam dote, done deré, mejito, gaiyaku, etc, importantes cargos dessa nação, porém, sem saber exatamente o que dizem. E isso é muito comum no estado do Rio.

É claro que houve casas troncos dessa nação pôr lá, mais daí a se intitular jeje e tocar keto, tratar os voduns com nomes de orisa, e uma série de bobagens que não vale a pena nem citar, é desprezível. Assistindo esses dvds observa-se a predominância, mesmo ruim do candomblé de etnia keto.

Quem já freqüentou a nação jeje sabe que as danças, toques e ritmos são totalmente diferentes. Todos sabem o respeito que tenho pôr um bom trabalho, ainda mais quando se expõe a religião. Eu acho que se não é para colocar um bom trabalho na praça, não o coloque. Ninguém precisa virar um Flavio Pessoa nem um Vergar, não é preciso ser um doutor em pesquisas afro-brasileira, nem defender nenhuma tese a respeito, entretanto deve-se ao menos respeitar sua própria religião.

Embora o comercio e a publicidade sejam vantajosos para seus autores, não é isso que está em pauta e sim as informações passadas para um povo já confuso que toma tudo pôr verdade, daí, até explicar que focinho de porco não é tomada vai-se um bom tempo perdido. Leiam, assistam. debatem, mas com critério de avaliação e bom senso nem tudo que reluz é ouro. É isso ai!

Perseguições:

Como se não bastasse as perseguições sofridas por nós por causa de nossa fé,sofremos injurias e difamações gratuitas devido a certos comportamentos que ocorrem com alguns de nossos irmãos. Analisando friamente o comportamento de certos “guias’ deduzimos que damos munição não só aos neo-evangélicos mais à toda sociedade.

Estamos falando dos “palavrões’ palavras de baixo calão que certos exus e pomba giras insistem em se comunicarem conosco. Não vemos isso em outras religiões e, por causa disso fiéis de outros credos classificam-nos como baixo espiritismo ou coisas do capeta, essas criticas procedem de alguma forma pois de um espírito ignorante pressupõe-se que ele só faz o mal e daí para coisas piores, o imaginário de cada um se encarrega das deduções equivocadas, consequentemente vivemos uma religião sem moral.

Certa ocasião um babalorisa em visita a um terreiro ouviu de um exu:-eh! ai, eu filho da p...!. Nesse triste episódio, além da calorosa discussão entre o baba e o tal exu, isso quase custou a amizade de ambos, claro que do baba e do médium. Essa coisa de espírito torto, falando “palavrão”, se arrastando pelo chão, representado por chifres, pés de cabra, de boi, etc, são conceitos cristãos que deveriam ser abolidos do nosso meio.

Alguns espíritos têm a petulância de não aceitarem crianças em suas giras. Ora! Crianças são a continuidade da religião, representam a pureza, a paz e possuem a imparcialidade que devemos conduzir, por exemplo cito os abikus, obajes, e um dos valores yorubas que compõem o candomblé.

Depois não adianta reclamar de perseguição religiosa, somos um povo que não precisamos ser tolerados pois não somos marginais, fazemos parte da sociedade como qualquer um, entretanto, muitas pessoas passam uma imagem negativa de si mesma, nem todo mundo aceita certas baboseiras, promiscuidade, penso que se alguém age dessa forma, que o faça para si, não torne isso publico porque atinge a todos, não é nosso papel julgar comportamentos alheios, porém, se for algo que atinja pessoas inocentes vamos denunciar sim.

 

Ritos fúnebres:

Infelizmente temos de chamar a atenção sobre um assunto embora relevante, é pouco falado pois ninguém espera o inevitável. Estamos falando dos ritos fúnebres que envolvem o asese. Alguns pseudo-sacerdotes chegam ao cumulo de dizer; deus me livre disso, não quero isso na minha casa. Ora, é inevitável esses acontecimentos.

Achamos que se você não está apto para realizá-lo então não inicie ninguém. O povo yoruba em sua sabedoria milenar prega que vida e morte ambas são idênticas. Quer fazer seus iyawos, porque aqui em São Paulo é moda, prepara-se para os ritos mortuários caso alguma fatalidade aconteça em seu ase.

Não faça vistas grossa para uma certeza da vida, aliais, a única certeza da vida é a morte. É lindo dar obrigações de ano, de 3 anos, de 7 anos, mas quando chega a hora de reverter tudo isso ninguém assume.

Parece obra de políticos que não aparece como obras subterrâneas, então, se não posso mostrar ao publico para que fazer, não é bem assim!. Pior ainda é a desunião de quem fica em um ase, onde se tem conhecimento de causa e ninguém assume nada. Sacerdotes e ogans fogem da responsabilidade mentindo e pregando que é necessário missas cristãs alheias a nossa religião.

Com isso surge um outro problema, quem conhece acaba monopolizando tudo, cobrando quantias exuberantes para fazer os ritos principais mais, nem sempre dando continuidade aos anos que virão, aqui na cidade estamos passando por isso, um ase espera ansiosamente a continuidade do asese e ninguém aparece. O terreiro está parado.

A família precisa se mobilizar e juntos aos seus pares deixar tudo acertado para não ser pego de surpresa. É necessário debater esses assuntos até a exaustão em cada terreiro, quem assim não o faz está prejudicando não só terceiros como a si mesmo. É isso ai!

Troca de Casa de Axé:

O numero de pessoas trocando de terreiros aumenta assustadoramente. São vários os motivos alegados, então de quem seria a culpa efetivamente?. Chefes de terreiros de candomblé e umbanda devem refletir um pouco sobre esse assunto. Essa migração de terreiro provoca o pular de galho em galho, mas será que o problema dessa gente não estão nela mesma?

Quem busca enriquecimento fácil, segredos ou status perde tempo porque o propósito religioso é conduzir os adeptos a uma vida prospera, sadia e com muita paz. Naturalmente, esse êxodo sempre aconteceu, porem, hoje, por motivos banais, troca-se de asé com uma naturalidade impressionante como se fosse algo comum da religião.

O que será que as pessoas buscam de fato é uma incógnita. Por isso a importância da condição de “abian”. Em recente entrevista a revista orixá especial (nas bancas) trato desse assunto com detalhes, muita gente entrou em contato para comentar a importância do noviço em ambas religiões, segundo as diversas opiniões ele passaria por um período de adaptação, onde após esse tempo ele se tornaria um bom médiun ou mesmo um bom adepto do candomblé.

Ainda há esperança para diminuir esse ritmo migratório. Há casas aqui em São Paulo onde o indivíduo entra e não passa mais que um ano. Na região do alto tiête um sacerdote dirige um asé à décadas, consequentemente ele deveria ter vários egbomi em seu terreiro, entretanto, ele não consegue terminar o ciclo iniciatico de seus iyawo, porque ninguém para em sua casa.

Será que as pessoas enlouqueceram ou estão brincando de religião. Filhos de “medalhões” eu mesmo estou cansado de orientar. Essa coisa de nome é relativo, muitas vezes nome famoso não é certificado de bem estar, não que a culpa das mazelas da vida apontem sempre um culpado. Repensem essa situação, o dirigente espiritual deve descobrir onde está errando e por outro lado o filho da casa deve assumir seus erros e parar de apontar culpados, buscando respostas nas casas alheias.

Religião não é brincadeira, embora os sacerdotes atuem como uma espécie de psicólogo, muita gente deveria mesmo estar no divâ de algum psiquiatra profissional pois a maioria dos problemas elas mesmo procuram e acha que os outros tem obrigação de resolver, pensando dessa forma vão em diversos lugares em busca de soluções não permanecendo em lugar nenhum.

Então levanta seu traseiro ocioso do sofá e vai caçar trabalho caso esteja desempregado, se for caso de doença procure a medicina e, se for caso de amor levante a cabeça e procure a solução da melhor maneira possível. Como dizia um velho babalorisa: eu cuido do espírito, da alma, do corpo você vá correr atrás. É isso ai!

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O Bàbàlòrìsà Rony Ti Odé é Diretor Presidente do Centro Cultural Oju Osun e será nosso Conselheiro de Nação Ketu, e responsável por esta coluna em nosso Jornal Eletronico - FENORIXÁ e demais Informes, sobre a Nação Ketu, no CCOO, temos: Jogo de Tarot Egipcio, Runas, I, Ching, Baralho Cigano, Astrologia (mapa astral) e temos também: Cursos da lingua yoruba, Awo ewe (o segredo das folhas), geneses yoruba , curso de atabaques, dança para os orisas, entre outros...

O Bàbàlòrìsà Rony Ti Odé, faz atendimento de segunda à domingo das 09:00 as 20:00 hrs. Atendimentos espirituais e consultas com jogo de buzios e opele ifa com hora marcada. Fones: (11) 93546501 / 9224.6445 / 9421.2503

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Bàbàlòrìsà Rony Ti Odé – Conselheiro Nação Ketu da FENORIXÁ

CCOO (11) 4738.3420 – E-mail: ojuosun@ig.com.br

Web site: www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=lo&uid=15873657343488846236  

Autor: Por: Bàbàlòrìsà Rony Ti Odé

 

 

 

 

 

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